uma festa quase punk de um bagaceiro chinelão

e lá se foi o aleksei. sozinho, atrás de uma rara e única oportunidade. dias antes e sem sucesso, tentou reunir alguns dos seus melhores convivas para juntos verem aqueles que cantam "meus dois amigos", "eu digo sete", "patê"... ninguém aceitou. mas isso não o impediu. já em seu destino, aleksei conheceu uns caras, bem mais novos do que ele, mas que estavam na mesma sintonia. queriam "ver" o maloqueiro moisés pedindo um copo d'água.

fazia um frio absurdo. era o ápice do inverno. então aleksei propôs aos quatro que acabara de conhecer, que bebessem com ele um vinho. e aquela rapaziada mais jovem aceitou o convite do "velho" lobo solitário. atravessaram a avenida que não se chamava oswaldo, mas expedicionário, e num honesto e bem humilde boteco, contaram os pilas e compraram um garrafão de um vinho tinto do mais ordinário possível. havia tempo, e os goles aumentavam na mesma proporção que a temperatura caía. pouco antes desse vinho, aleksei já havia visto, escutado e até conversado com um outro trio. pegou a rapa da passagem do som e contou o feito aos novos convivas. ficaram estupefatos, aliás, eram realmente mais novos que aleksei. sequer tinham idade para beber. e isso que aleksei tinha 24.

quanto àquela oportunidade, ela foi como deveria ser. de cabo a rabo as dezenove faixas do disco ao vivo foram reproduzidas de forma igual! porém, poucos aproveitaram. aleksei era o único que sabia todas aquelas faixas de cor e salteado. e foi somente quando frank anunciou o "amigo punk" que a plateia veio abaixo. por duas vezes, diga-se. mas o melhor, ficou para o final. após o encerramento, alekesei e seus novos convivas deram um jeito e conseguiram adentrar na sala reservada apenas para o trio de artistas. naquela sala, quando entraram, se depararam com um enorme banquete. havia todo o tipo "comes e bebes". uma maravilha naquela altura da madrugada. e como bagaceiros chinelões que eram, o quinteto invasor tomou à frente, quando frank disse: sirvam-se. dali em diante foi só alegria. 

mas o que é bom dura pouco. e o frio congelante era a nova realidade. por sorte, devido aos novos amigos, aleksei arrumou uma carona com o pai de um deles, até a estação rodoviária. se ele gostou ou não, jamais saberei. mas o velho era do róque. mas naquela altura da madrugada nem atendentes haviam. e como estava frio. e talvez por um sinal divino, a porta da capela daquela estação não estava chaveada. como um maloqueiro, sem pedir a ninguém, aleksei se abrigou ali mesmo. mas o frio era tanto que foi impossível dormir. pouco tempo depois um outro raio de esperança. um ônibus chegou e largou alguns passageiros, mas desta vez aleksei teve a mesma sorte de moisés... o motorista disse não ao maloqueiro que teve que esperar o dia raiar para poder voltar para casa, literalmente, fedendo asa e tudo mais. e numa só noite aleksei foi de moisés à amigo punk; e dizer que 10 anos depois, aleksei quase com quarenta anos na cara "cantaria" pela última vez com sua voz original "ao lado" de frank, porém na capital e num dia nem tão gélido como aquele. na realidade ele "invadiu" o "palco" para berrar os "backings vocals" dos quarenta anos na cara. 

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