a feira

a feira estava ali. passei bem pelo meio. mas não me agradou. livros caros e ordinários... acabei desviando deles e daquele bando de metidos a intelectuais. passei o fogo no cigarro e me dirigi até o barbeiro que era o plano inicial.

lá eu tive que esperar o velho juarez aparar os poucos fios que lhe restam na cabeça. sem deixar, é claro, de alinhar os fiapos debaixo do nariz que formam um suposto bigode.

na saída o velho me disse adeus. o beto limpou a cadeira e eu me sentei.

o de sempre - eu disse.

ótimo. falou, beto.

a barbearia é precária. não é dessas moderninhas. gosto disso. um espelho grande no centro da parede. a cadeira. na frente os apetrechos do beto. lá num canto o lavatório. um sofazinho de espera e o jornal do dia com as cruzadas já feitas. e o rádio é claro. sintonizado na guaíba.
o assunto era o debate de ontem. barbaridade. menos mal que era sobre futebol. menos mal? o beto é doente pelo grêmio. o que eu colorado queria saber sobre isso?

o beto! se concentra aí, hein? não vá cortar a minha orelha! - eu disse.

se acalme homem. no máximo só uma tira. relaxe. o tinoco tá de olho. - respondeu.

tinoco é o cusco do beto. um vira lata, bem velhinho já. que malemal os dentes carrega na boca. pobre cachorro. mas era bem cuidado pelo menos.



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