Na parada do Pompéia...

Tatuada e cheia de gatos. Sim, essa sou eu. Um piercing ali, outro aqui. Um outro lá! Livre. De tudo e de toda a falácia que propagam por aí de que nasci pra ser do lar. Pra ser mamãe... E depois, quem é que limpa as caixas "dessa gataiada"? É você, querida? Tu, querido? Não! Sou eu! Então que se dane o que vocês acham disso. Enfiem no rabo os seus achismos porque o mundo já está cheio disso. Não quero que aceitem como eu sou. Só que não se metam na minha vida, porra!

Pois eu não meto o bedelho na vida de ninguém, pelo contrário, ainda escuto de bom grado vossas lamúrias. "É de casa para a creche, da creche para o trabalho, do trabalho para a creche e da creche novamente para casa de tardezinha".

Chega desse mimimi e aguentem o rojão! Puta merda! Deem graças à prefeitura que existem essas creches maternais! Se não fossem elas vocês estariam perdidos. Por um lado, veja só o que aconteceu com os planos que me diziam, de terem mais de um... desapareceu. Ué?

Dia desses, no paradão da Pinheiro, atrás do Pompéia, duas senhoras do meu lado me fitaram de um jeito... e começaram a falar das vidas alheias e das "abortistas". Da eterna escravidão que é ter uns quantos animais. Da vizinha de uma delas que tem 13 gatos e 7 cachorros...

Escravidão?

Puta que pariu. Um gato ou um cachorro duram no máximo dos máximos e se muito bem cuidados, com todas as vacinas uns 20 anos. Não precisam de escola, nem de faculdade. Só de um tanto de carinho, um teto, alguns passeios e uma bolinha.

Dali a pouco aquela conversa chegou num ponto de corte que eu não pude deixar de escutar, afinal, tagarelavam em voz alta. Disse uma das velhas que estava preocupada com o filho, sujeito macho, de quarenta e sete anos, separado e desempregado e que estava em casa já tinha meio ano... E para que o boneco não fosse preso estava pagando a pensão pra neta porque o seguro desemprego havia terminado...

Porra! Quem é mesmo a escrava disso tudo? Velha lazarenta! Mexeriqueira! Graças à Deus. Ali vem o ônibus. Linha 551, Madureira. Aí vou eu. Mas as velhas, pra minha tristeza e isso até já parecia perseguição, entraram junto. Sentaram-se depois de mim. Não nos preferenciais. Um pouco mais para trás e bem na minha frente.

Cansadas da mulher dos gatos e cachorros, do macho vagabundo quase cinquentão que não pagava a pensão, nos últimos 10 minutos de viagem, descobri que estavam indo para a igreja e antes de entrar na casa do Senhor falaram mal de uma tal irmã Claudete.

Seguiram papagaiando. Não sei como é que não derrubaram as chapas pelo tanto que falaram. Em vinte minutos eu já sabia por tabela que as duas velhas eram mães, uma delas divorciada e que a outra fora chifrada pelo marido e estavam indo para igreja se encontrar com a irmã Claudete...

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